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sábado, 1 de novembro de 2014

. . . Marquezini - O Repórter


. . . o dia de amanhã

--- Era véspera de Finados em 1º de Novembro de 1.981 e o jornal O Serrano publicava em primeira página este meu artigo, que serve para todos os Dias de Finados :
                 *****DIA DOS MORTOS*****
                          RESPEITO AO CEMITÉRIO
         Toda cidade possui um cemitério. Cada um com seu formato, sua topografia, seu tamanho, sua história. Porém, numa coisa todos eles se igualam. É o local mais tranquilo, mais calmo, mais sereno e principalmente, mais autêntico que existe e não há lugar melhor para a meditação. Lá estão todos os protagonistas dos antepassados de uma localidade. Cada foto, cada nome, cada data teve sua vida, sua história, seu cotidiano, suas alegrias, suas tristezas, seus problemas. Amaram e foram amados. Uns foram fortes políticos brigando pelo poder. Outros, cidadãos da sociedade. As mocinhas perfumadas, as senhoras respeitadas, o grande com seu rico mausoléo, o pobre diretamente na terra sem ao menos com a numeração de sua última morada, os nossos entes mais queridos, todos, terminam e terminarão ali. Materialmente restaram a foto, o nome, a data. Espiritualmente, a nossa lembrança pelo que cada um foi e fez.
          Por isso tudo, um cemitério deve ser visitado com muito respeito.
         Amanhã o calendário aponta o dia dedicado aos mortos --- Dia de Finados. Quase toda a população estará lá reverenciando seus mortos. Túmulos serão lavados, lustrados, floridos. Muitos que no ano passado prestavam esta homenagem, este ano estarão sendo homenageados.
         Não são todos que estão preparados para visitar o cemitério. Isso mesmo.  Faz-se necessário uma preparação, uma afinidade, um objetivo. Dia de Finados no cemitério não é hora e local para papos alegres entre compadres e comadres que há tempos não se vêem. Não é local para namoros, amassos e paqueras. Tampouco é local para detalhar negócios ou se fazer comércio.
          Muitos não gostam de ir ao cemitério sob a alegação de que tal homenagem pode ser prestada em casa, pois no cemitério estão apenas os restos mortais, sem mais significado algum. É uma opinião que deve ser respeitada. O que não deve ser admitido é que a pessoa deixe de ir ao cemitério por medo. Se aquele que morreu não aparece para você no meio da rua, não irá aparecer no cemitério. Acredito em tal encontro somente após a morte e não no aparecimento do morto ao que ainda vive, nem sob a forma de reencarnação, pois a vida e a morte não permitem exame de segunda época! Incrível, ignorância, burrice ou bestialidade mesmo, é alguém desrespeitar o cemitério, às vezes profanando túmulos, a fim de fazer macumba com o objetivo de causar o mal a outros ou até mesmo para roubar!!!
            O médico norte-americano Dr. Raymond A. Moody Jr. em seu livro "Vida depois da vida", relata uma coletânea de depoimentos de pessoas que por um motivo ou outro foram declaradas como mortas e que voltaram a viver. São relatos fantásticos que acabam de vez com o medo que muitos sentem da morte. A passagem, a transição é tão boa, calma e maravilhosa que não há a mínima vontade de voltar. Dentre muitas coisas relatadas, há uma espécie de "Comissão de Recepção" de amigos ou entes queridos que partiram antes. Isso não tem nada de espiritismo e não fere em nada nenhum preceito religioso. São relatos verdadeiros e perfeitamente concebíveis.
              Só quem viveu ou vive a dor de uma saudade pela perda de um ente querido é que sabe o que tudo isso representa. E foi no auge desta dor que passei para a perenidade do bronze, a homenagem que renovo a cada dia e que está imortalizada no túmulo de minha mãezinha querida :



Cemitério --- jardim santo, jardim do amor, da paz, do respeito, da veneração.
Finados --- dia sagrado do silêncio, da meditação, da lágrima.