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segunda-feira, 20 de julho de 2015

. . . e atendendo uma sugestão

 --- Recebi este texto por e-mail de um leitor do blog que por muitos anos residiu em Serra Negra. Meu amigo desde então, mas que faz muitos anos que não o encontro. Transcrevo atendendo sua sugestão, mas também porque me identifico muito com esse idoso, embora não seja solitário como ele, pois tenho minha família e sempre viajo acompanhado e em quase todos os locais citados eu também já estive e também não deixarei quase nada de material como herança. Complemento esse preâmbulo repetindo o que já coloquei em meu livro sobre Nossas Viagens: "Viajar é deixar de ter a vida que se tem, para viver a vida que se sonha".

Poderia ser o nosso testamento...
              TESTAMENTO DE UM IDOSO
Um jovem advogado foi indicado para inventariar os pertences de um senhor recém falecido. Segundo o relatório do seguro social, o idoso não tinha herdeiros ou parentes vivos. Suas posses eram muito simples. O apartamento alugado, um carro velho, móveis baratos e roupas puídas. “Como alguém passa toda a vida e termina só com isso?” - pensou o advogado. Anotou todos os dados e ia deixando a residência, quando notou um porta-retratos sobre um criado mudo.
Na foto estava o velho. Ainda era jovem, sorridente, ao fundo um mar muito verde e uma praia repleta de coqueiros. À caneta escrito bem de leve no canto superior da imagem lia-se “sul da Tailândia”. Surpreso, o advogado abriu a gaveta do criado e encontrou um álbum repleto de fotografias. Lá estava o senhor, em diversos momentos da vida, em fotos em todo canto do mundo.
Em um tango na Argentina, na frente do Muro de Berlim, em um tuk tuk no Vietnã, sobre um camelo com as pirâmides ao fundo, tomando vinho em frente ao Coliseu, entre muitas outras. Na última página do álbum um mapa, quase todos os países do planeta marcados com um asterisco vermelho, indicando por onde o velho tinha passado. Escrito à mão no meio do Oceano Pacífico uma pequena poesia:

Não construí nada que me possam roubar.
Não há nada que eu possa perder.
Nada que eu possa tocar,
Nada que se possa vender.
Eu que decidi viajar,
Eu que escolhi conhecer,
Nada tenho a deixar
Porque aprendi a viver...

4 comentários:

Anônimo disse...

Em fim, um grande egoísta!

idoso sim porem lúcido disse...

nada de egoísta.......o anonimo ai deve ser um jovem ambicioso pensando que caixão tem gavetas para carregar os bens materiais......o velhinho estava mais do que certo.....eu como idoso queria ter esta dimensão da vida .......a consciência termina na morte ...nada há depois..meu amigo........

Anônimo disse...

Sempre vivi onde nasci,
Nunca viajei.
Cuidei de jardins,
distribui sementes.
Plantei árvores,
Distribui frutos,
Cuidei da mente.
Voei nas asas dos insetos,
Abelhas, borboletas.
Águas limpas,
Flores perfumadas,
Ar puro,
Céu perene.
Cuidei de amigos,
Velhos, crianças, somente.
Tudo o que construí,
Podem respirar,
Usufruir, viver.
Pois além de dividir e doar,
Muito há de ficar,
No olhar da beleza,
No coração, na lembrança,
No prazer.
Quando eu partir
Hei de levar,
Nem o reclamo,
Nem o murmuro dos lamentos,
Mas a dádiva de deixar,
Um mundo mais belo.


Lauro disse...

--- Lindas palavras do anônimo acima e também muito linda sua maneira de viver e de agir e totalmente válido também. Parabéns!